O cenário econômico e as tecnologias para inteligência

quinta-feira, 17 de novembro de 2011


Em um ambiente de negócios tão instável, faz-se ainda mais importante uma interpretação correta dos sinais de mercado.
Estados Unidos em grande contração econômica, Europa insolvente e endividada, China em desaceleração e o Brasil decidindo o melhor caminho pra se defender. A expectativa no País da Copa do Mundo e das Olimpíadas era de pelo menos dez anos de crescimento sustentável, fortalecimento da indústria e grande aquecimento do consumo e das empresas brasileiras. Não é certo que este futuro irá mudar, mas os indícios para tal são no mínimo preocupantes.
Num ambiente de negócios tão instável, faz-se ainda mais importante uma interpretação correta dos sinais de mercado. O mercado não para completamente, os clientes não deixam de comprar, os concorrentes não fecham as portas, os fornecedores não desligam suas máquinas de uma vez por todas. O mercado é mutante, o mercado se reinventa, o mercado migra! Mas como o mercado vai mudar? Onde os meus clientes irão investir seu dinheiro? Como o meu cliente irá decidir? O que os meus concorrentes farão? Como o meus concorrentes irão abordar o mercado? O que eu posso fazer para ficar mais competitivo? Onde eu posso mudar para manter meus clientes e inclusive buscar eventuais órfãos dos meus concorrentes? A dinâmica do meu negócio permite que eu atue como novo entrante em outro mercado mais promissor? Posso substituir outro produto ou serviço impactado neste cenário de crise? Onde eu devo investir para aproveitar as oportunidades existentes? Como a minha cadeia de valor irá se comportar? O que eu não posso fazer de errado? Essas e outras perguntas precisam ser respondidas com ainda mais assertividade. Num cenário de possível escassez, há pouco espaço para a tomada de decisão equivocada. Torna-se fundamental um olhar mais inteligente ao mercado. Torna-se fundamental usar a Inteligência para direcionar este olhar.
Um processo sistemático, ético e formal de monitoramento do ambiente de negócios, precedido pela identificação e planejamento de temas, tópicos e questões específicas, coleta de dados primários e secundários, análise de informações e geração de conhecimento, passando pela disseminação de produtos e pela avaliação contínua do processo e de seus resultados. Essas cinco etapas estabelecem o ciclo da Inteligência e se traduzem no processo capaz de oferecer a todas as organizações que o adotam um modelo sistemático para apoio na tomada de decisão eficiente e eficaz. Mas, atualmente, onde a velocidade da tomada de decisão nas empresas é fator critico de sucesso, pergunto: como fazer acontecer este ciclo/processo de maneira mais rápida, assertiva e produtiva? A resposta pode estar no apoio da tecnologia da informação.
Num mundo com cada vez mais informações disponíveis, onde os problemas dos executivos são os excessos de dados e não mais a falta deles – inclusive como outrora na era pré-Internet – imaginar tratar grandes volumes com a força humana em exclusividade é algo impensado. Aliás, uma vez que estamos falando de Processo de Inteligência, é coerente pensar em tecnologias que permitam oferecer aos coletores, analistas e demais profissionais envolvidos com esta prática, facilidades para a realização de um trabalho melhor, mais rápido e com maior assertividade. A boa notícia é que existem softwares que podem apoiar neste processo!
Todavia, escolher um software de apoio a inteligência não é uma tarefa fácil. Em primeiro lugar, é preciso levar em consideração o processo e encontrar ferramentas que possam atender cada uma de suas etapas. Basicamente, há dois grandes macroprocessos que precisam ser atendidos através de um software de inteligência: o primeiro deles se refere à construção do processo de inteligência (definição de clientes, seus temas, tópicos e questões a serem observadas) e o segundo se refere à operacionalização do processo em si (coleta, análise e disseminação de informações e inteligência, além de sua avaliação).
Para a construção do processo, um software precisa apresentar funcionalidades para a criação de uma árvore de inteligência, associá-la a um mapa de produtos e estudos, cadastro de clientes internos, registro de fontes de informação, incluindo rede de coletores e especialistas. No que tange à sua operacionalização, faz-se importante funcionalidades para permitir a inclusão de informações (bons motores de busca contribuem muito neste momento!), recursos para a classificação e análise destas informações (extremamente desejáveis modelos analíticos de administração, como matriz SWOT, 5 Forças de Porter, Fatores Críticos de Sucesso, entre outros) e possibilidades para a exportação de informações, alertas e estudos construídos (através de e-mails, newsletters mais estruturadas, documentos Office da Microsoft ou outro canal mais aderente as necessidades dos clientes de inteligência, como até mesmo um SMS, por exemplo).
E isso ajuda na coleta e seleção de informações relevantes dentro deste enorme mar de informações disponíveis? A resposta é sim. A contribuição de uma ferramenta estruturadora do processo de inteligência, através de um fluxo ordenado, já faz uma grande diferença. Entretanto, há uma funcionalidade cada vez mais desejada quando a realidade é trabalhar com grandes volumes de informações não estruturadas: são as chamadas taxonomias digitais. Esse tipo de funcionalidade permite às áreas de inteligência determinar todo o seu conjunto de temas, tópicos e questões de monitoramento através de três elementos principais: palavras-chaves, fontes de informação e horizonte de tempo. A relação é direta. Através das palavras-chaves se faz possível identificar informações relacionadas aos temas, tópicos e questões de monitoramento; através das fontes de informação podemos determinar onde encontrar conteúdos que respondem a estes assuntos; e através da definição do horizonte de tempo conseguimos estabelecer os períodos de pesquisa.
Desta forma, se o processo de inteligência competitiva for bem conduzido e conseguir identificar, de forma robusta, clientes, produtos e fontes de informação, contemplando com ênfase conteúdos primários através de suas redes estabelecidas, uma taxonomia digital pode classificar automaticamente todos estes conteúdos gerados, apresentá-los por relevância, destacar nomes de empresas, pessoas, produtos, datas, valores e demais critérios elencadores, facilitando enormemente o trabalho de monitoramento em seja qual for o volume de dados que estiver sendo observado.
Além de construção do processo, sua operacionalização e taxonomias digitais, completam uma boa solução tecnológica de inteligência funcionalidades que permitam a integração de um software como esse em portais de Inteligência, locais cada vez mais demandados por organizações do mundo inteiro para legitimar e tornar pró-ativa, em ambiente colaborativo, as iniciativas de suas áreas de inteligência.
Independentemente de uma crise ou intempéries econômicas acontecerem, um bom processo de inteligência competitiva somada a uma boa solução tecnológica podem fazer grande diferença. Esperamos e torcemos muito para que não haja retração econômica e nem qualquer deslize nos tão sonhados planos brasileiros de crescimento, mas não custa estar preparado para um cenário menos motivador.
*Fabio Rios é sócio da Plugar Informações Estratégicas

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