Dívida das famílias brasileiras cresceu 250%, mas renda subiu 80%

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

 
De 2006 para cá, a dívida das famílias brasileiras cresceu 250%. No mesmo período, a renda subiu 80%. Em 2006, a dívida total era quitada com dois meses e meio de rendimentos. Hoje, o/a chefe de família precisa de cinco meses para pagar tudo o que deve. As famílias não têm percepção do aumento da dívida porque a dilatação dos prazos faz a prestação caber no bolso. O aumento da dívida e da renda foi calculado pelo economista André Gamerman, da Opus Gestão, incluindo todos os rendimentos dos brasileiros, como salários e transferências do governo, e todas as dívidas. A diferença de ritmo fez o endividamento das famílias em relação à renda anual saltar de 21,97% para 41,83%, em pouco mais de cinco anos (vejam gráfico). O percentual é maior porque a estatística do Banco Central não considera as dívidas que não passam pelo sistema financeiro, como os carnês de lojas. Também não entram cheques pré-datados que ficam retidos com os lojistas.
 
A inadimplência do consumidor permanece baixa, mas tem subido este ano. Em janeiro, era 5,7% das operações. Em setembro, estava em 6,8%. É a maior taxa desde maio de 2010 e acontece no momento em que o desemprego está em 6%.
 
O BC voltou atrás nas medidas de restrição ao crédito. O parcelamento para compra de automóveis voltará a 60 meses, o valor mínimo para o pagamento do cartão de crédito não subirá a 20%.
O prazo para pagamento de dívidas foi dilatado e isso ajuda a parcela a caber no bolso. Em janeiro de 2006, as pessoas físicas tinham que honrar os compromissos em 318 dias, em média. Em setembro deste ano, o prazo havia subido para 584 dias. Por isso, a renda das famílias em um mês comprometida com o pagamento de dívidas está em patamar baixo, 14%.
Roque Pellizzaro dá uma boa notícia: o brasileiro, quando alertado, se esforça para sair do atraso:
- Entre 60% e 65% das pessoas que vão para o SPC pagam em até 30 dias depois de receber o aviso. O brasileiro é honesto e quer pagar. Quem entra no cadastro não pode fazer novas compras, isso protege o sistema.
A dívida dos brasileiros está crescendo mais rapidamente do que a renda. As parcelas cabem no bolso, mas a dívida em relação à renda anual está subindo. É bom lembrar que o acesso ao crédito é recente e o dinheiro brasileiro é caro demais. A boa notícia é que a maioria dos brasileiros quer usar o 13 para quitar dívidas.

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